- Área: 242 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Marcos Guiponi
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Fabricantes: Deca, Monolíticos Martinovic, Ventanal S.A.
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em um edifício de proporção alargada, a residência foi concebida como resposta a isso e replica tal proporção. A largura - quase metade da largura do terreno - transforma as materiais em áreas oportunas, motivo pelo qual as projeções mais acentuadas do espaço interno se dão em direções perpendiculares ao lote.
A área social da residência se define como um "espinho" que vai adquirindo privacidade à medida que se avança da frente até o fundo. Esta área se articula quando intercala-se com os volumes que abrigam as atividades mais contidas e/ou privadas. Uma vez segmentada a área social, gera-se uma sucessão de sutis conexões visuais em diagonal que evidenciam a forma como se interconectam mutuamente os espaços e que, por sua vez, estabelecem as projeções-expansões ao exterior.
Estas projeções são acompanhadas por dois tipos de pavimentação que são definidos segundo o programa adjacente no interior da residência e a característica da atividade que possa ser desenvolvida nela. As diferentes pavimentações caracterizam o espaço exterior e geram uma série de ambientes que favorecem a interação entre si e com as projeções virgens do terreno.
A lógica do espaço-material que define tais expansões é a interação de cada espaço com um dos volumes maciços em sua parte traseira e um fechamento de cortinas à frente, o que acentua o fluxo para os lados. Aparecem outros tipos de sequências espaciais quando estes volumes são perfurados e permitem, assim, visuais que atravessam transversalmente o terreno: pátio-cozinha-estar-deck ou pátio-jardim de inverno-sala de jantar-churrasqueira.
Memorial Descritivo Pós-Concurso
O anteprojeto do concurso apresentava algumas ambiguidades que foram motivo de revisão no processo de ajuste.
Nesse sentido, compreendeu-se que o projeto poderia tomar, entre outros, dois rumos bem diferentes. Um deles era que os volumes adquirissem um caráter etéreo e que se materializassem de forma que suas espessuras fossem mínimas e cuja manifestação não desse indícios dos elementos permanentes. O outro caminho era totalmente oposto: aumentar a massa. E foi pelo último que optamos.
Agora, as caixas estariam ancoradas no solo, emergindo dele. Em consonância, extraiu-se a cobertura até a parte de cima e apoiou-se nas caixas, já que o princípio era de um elemento que estivesse entre elas. As caixas transformaram-se em portantes e abandonou-se a estrutura de pilar e viga proposta no concurso. Percebemos que nesse gesto conseguimos fazer com que as fachadas fossem a imagem da própria estrutura, tão elementar quanto um dólmen. Daqui surgiu a decisão de construir paredes com tijolos rústicos.
O espaço social da residência ficou definido por três elementos: os volumes de tijolo que surgem do solo; a cobertura de concreto aparente cujo caráter maciço acompanha a ideia de dar refúgio; o piso monolítico cinza e de concreto que escorre entre os volumes e que dão à casa uma relação com o exterior. As áreas privadas, de serviço e anexas foram distribuídas nos diferentes volumes, cuja cor branca do interior maximiza a iluminação através de vãos e pela potência da paisagem do espaço-entre ao espaço-dentro.